Após minha visita ao apartamento-atelier de Ingrid Noal, saí com a nítida sensação de passar algumas horas tendo uma lição de anatomia do corpo humano, algo que me deu muito prazer e maior conhecimento a respeito de sua produção. Alguns pares de pés de gesso e cimento instalados no meio do caos criativo, relativos a uma experiência clássica de fazer escultura, mas transfigurados por um olhar contemporâneo de apresentação do mundo, onde cada pé contém características próprias das pessoas que serviram de modelo neste projeto.
Ao direcionar seu foco num membro específico do corpo, Ingrid aciona um cálculo proporcional, possibilitando ao espectador imaginar precisamente que altura aquele corpo ocuparia no espaço. Veias, músculos, sinais particulares e suas imperfeições constituem esta coleção que a artista persegue obsessivamente em partes que saem de formas constantemente, assim como o silicone utilizado no processo de construção em série que cumpre a função de uma pele ao descolar cada membro, resultado que algumas vezes incorpora partes e cores como pigmentos que se fundem na matéria, tornando inusitada esta operação organizada e estabelecida numa ordem de fundamento categórico: o ser humano com fim em si mesmo.
É significativo o fato de sua escolha inicial ter sido a música, a ponto de decidir viajar para alguns países e caminhar por outros territórios, onde descobre que o mundo ampliado das imagens era cada vez mais objeto de seu interesse como artista. Ao tocar violino – instrumento escolhido – executava a música em pé, procedimento que aparece também nas imagens fotográficas, sugeridas ao espectador em poder completar este corpo ausente com sua presença, qual um músico e seus pés servindo de sustentação para manter o equilíbrio e distribuir de maneira uniforme seu peso, expande assim nossos sentidos ao intervir nas ruas da cidade ou em alguma praia do litoral, ao ar livre, saindo do particular para encontrar um universo de possibilidades. O que fica não é apenas o registro da ação, mas a intenção de compartilhar aquilo que está para além do objeto.
É significativo o fato de sua escolha inicial ter sido a música, a ponto de decidir viajar para alguns países e caminhar por outros territórios, onde descobre que o mundo ampliado das imagens era cada vez mais objeto de seu interesse como artista. Ao tocar violino – instrumento escolhido – executava a música em pé, procedimento que aparece também nas imagens fotográficas, sugeridas ao espectador em poder completar este corpo ausente com sua presença, qual um músico e seus pés servindo de sustentação para manter o equilíbrio e distribuir de maneira uniforme seu peso, expande assim nossos sentidos ao intervir nas ruas da cidade ou em alguma praia do litoral, ao ar livre, saindo do particular para encontrar um universo de possibilidades. O que fica não é apenas o registro da ação, mas a intenção de compartilhar aquilo que está para além do objeto.
Todo artista quando pensa seu trabalho utiliza o corpo inteiro, mesmo em estado de repouso. Ingrid Noal estabelece um ritmo próprio para melodias internas durante o processo de elaboração poética, seguindo passo a passo, sem pressa, apenas com o tempo a seu favor.
Alexandre Antunes¹
abril 2011
Texto de apresentação da exposição Corpo Expandido de Ingrid Noal realizada no período de 15 de maio à 04 de junho de 2011, no Jabutipê - Rua Cel. Fernando Machado, 195. Centro Histórico / Porto Alegre – RS – Brasil.
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¹ Alexandre Antunes - artista visual, nasceu e vive em Porto Alegre, cursou Filosofia no IFCH/UFRGS de 1995/1999, morou na Enseada das Garças/ES, Florianópolis/SC e Santiago do Chile, onde realizou uma exposição individual na galeria Bucci no período de 1996/1997. Participou de diversas exposições coletivas e realizou dez individuais. Atua como escritor, curador, editor, revisor com Edmilson Vasconcelos no web site: www.dobbra.com/terrenobaldio.htm